ATA DA  SEGUNDA REUNIÃO ORDINÁRIA  DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA  LEGISLATURA, EM 09.01.1997.

 


Aos nove  dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores  Adeli Sell, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Fernando Záchia,  Guilherme Barbosa,  João Dib,  Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Renato Guimarães, Titulares; Cyro Martini, João Carlos Nedel e Lauro Hagemann,  Suplentes. Ainda, durante a Sessão, responderam à chamada os Vereadores Gerson Almeida,  Isaac Ainhorn, José Valdir e Reginaldo Pujol, Titulares. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Reunião Ordinária. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 001/96, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre;  2070, 2093,2101 e 2162/96, do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, Chefe da Casa Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Após,  foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Clovis Ilgenfritz, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell lamentou que Porto Alegre, apesar de todas as suas belezas naturais, não atraia um número maior de turistas e, comentando matéria publicada no Jornal do Comércio, sobre a iniciativa do Governo do Estado de construir parques temáticos na região metropolitana, reivindicou que seja estudada a possibilidade de implantação desses parques na Capital. Ainda, posicionou-se contrariamente ao projeto de cercamento do Parque Farroupilha. O Vereador Carlos Garcia reportou-se ao projeto de cercamento do Parque Farroupilha, lembrando ao Plenário que, a partir de hoje, na Esquina Democrática, e domingo, no Brique da Redenção, seu partido estará promovendo uma pesquisa popular sobre o assunto, a qual servirá de subsídio à execução de um  fórum de debate popular sobre a matéria. O Vereador Fernando Záchia  somou-se às colocações feitas pelo Vereador Adeli Sell, quanto à questão do turismo em nossa Cidade, asseverando que Porto Alegre, para firmar-se como Capital do Mercosul, deve atenuar  as carências existentes nessa área, através de um esforço conjunto entre os diversos órgãos do  Governo do Estado e do  Município. O Vereador Isaac Ainhorn afirmou ser a  falta de manutenção o maior problema do Parque Farroupilha, posicionando-se contrariamente  ao projeto do Vereador Nereu D'Ávila, que pretende cercar aquele local. O Vereador João Dib  criticou a atuação do Executivo Municipal, em especial a Secretaria Municipal de Transportes, comentando lei referente a paradas fixas para lotações e à colocação de uma dessas paradas sobre o Viaduto Loureiro da Silva. Nesse sentido,  reivindicou  maior competência  nas mudanças e sinalizações do  trânsito da Cidade. O <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Vereador Juarez Pinheiro afirmou que o País está transformado num  parque de diversões constitucionais,  referindo-se à questão da reeleição presidencial e questionando  a coerência dos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Anamaria Negroni por apoiarem, hoje, o Governo Federal. O Vereador Reginaldo Pujol saudou os presentes, declarando sua posição favorável à reeleição em todos os níveis, pois considera essa possibilidade um aprimoramento do processo democrático. Lembrou que  não se pode, sob a capa de discutir  os grandes temas nacionais, deixar de debater  o dia-a-dia da Cidade de Porto Alegre, citando sua preocupação com as obras que estão sendo executadas no Mercado Público Central, cuja funcionalidade e conseqüências considera não terem sido devidamente mensuradas. O Vereador Cyro Martini externou sua preocupação com os problemas de trânsito, dizendo serem necessários  um aperfeiçoamento  no que diz respeito aos critérios de concessão  de habilitação aos motoristas,  uma melhor conservação  dos veículos  em circulação e uma melhoria das condições de atuação do Departamento Estadual de Trânsito e da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. O Vereador João Carlos Nedel leu  editorial  do Jornal Novo Milênio, edição de treze de janeiro, número 81, sob o título "Feliz a Nação", o qual refere que  "a Nação, os governantes, as pessoas que não têm Deus como Senhor, por dedução, são ou serão infelizes". Em Questão de Ordem, o Vereador Isaac  Ainhorn registrou a importância da inserção nos Anais da Casa do editorial lido pelo Vereador João Carlos   Nedel.  A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Votação, foram  aprovados os  Requerimentos nºs: 09/97 (Processo nº 183/97), de autoria do Vereador João Dib, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Clovis Ilgenfritz; 10/97 (Processo nº 186/97), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Às onze horas e um minuto, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Reunião, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, no horário regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz,  Isaac Ainhorn e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 

 


O SR. PRESIDENTE(Clovis Ilgenfritz): Nós queremos sugerir aos Srs. Vereadores para invertermos a ordem dos trabalhos porque na Ordem do Dia temos um Requerimento que foi encaminhado à Mesa ontem e que até este momento não retornou. Deve estar a caminho, já foi providenciado pela Diretoria Legislativa. Tendo em vista que este Requerimento seria importante que se votasse hoje, a Mesa está sugerindo a inversão da ordem dos trabalhos, iniciando com Comunicações e depois continuando com a Ordem do Dia. Se não há proposta em contrário, eu considero aprovado e nós vamos aguardar o Requerimento para inncluí-lo hoje, ainda, na votação.

 

Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Porto Alegre é uma cidade ímpar, a começar pelo seu nome, porque o nosso orgulho é tal para nosso porto que o denominamos de alegre. Porto Alegre tem uma rua na qual as pessoas caminham muitas vezes dizendo que estão na Rua da Praia, mas estão, de fato, na rua dos Andradas. É uma rua que já foi praia por onde hoje milhares de pessoas circulam e não têm idéia do que foi a Porto Alegre do passado. Nós temos um rio Guaíba que na verdade não é um rio, é um estuário. Nós temos uma cidade circundada de morros, um que tem o nome de Santa, o outro, um pouco mais distante, de Osso e temos o da Polícia. Temos uma cidade que, se fôssemos olhar para a sua configuração geográfica, seus aspectos histórico-culturais, poderíamos ficar aqui falando horas e horas sobre a nossa Capital. Aí perguntamos por que Porto Alegre, depois de toda a sua história e que recentemente esteve na mídia nacional considerada como a de melhor qualidade de vida do Brasil, não é conhecida como uma cidade turística? Talvez o ex-prefeito, nosso colega Ver. João Dib, possa nos ajudar nesse debate, porque já passou por essa prefeitura. Já passamos, nós do PT, 8 anos, estamos entrando no terceiro mandato com muitas responsabilidades e Porto Alegre não está no mapa turístico do País. Quando pensamos em turismo no Brasil, pensamos no Rio de janeiro, particularmente no carnaval, com as pessoas chegando da Europa e de todas as partes do mundo. Hoje já se fala até um turismo sexual, o que macula profundamente a imagem do nosso País, mas vivenciamos. Vemos que no Nordeste há uma política de turismo e milhares de estrangeiros deixam ali os seus dólares para aquela região tão pobre e tão abandonada pelo nosso governo. E aqui, no extremo sul do País, nós, que estamos à beira de ser o centro do Mercosul, ou pelo menos queremos ser, a capital dos gaúchos, nem mais os uruguaios e argentinos no verão circulam dada a crise econômica.

Então, há que se perguntar o que falta para Porto Alegre para que - apesar de seus atrativos naturais, a beleza do  rio, que muitas vezes nós, que aqui moramos, não conhecemos, toda a nossa história, os monumentos, os museus, bibliotecas, enfim, tudo aquilo que Porto Alegre construiu nesses duzentos e vinte poucos anos - sirva de um grande atrativo para trazer pessoas de tantas partes do mundo, particularmente nossos irmãos latino-americano. Essa é uma pergunta que eu faço, porque em breve estaremos discutindo e decidindo sobre uma proposta do Governo, em função da EPATUR. Não vou entrar hoje nesse assunto, mas vamos ter que discutir profundamente qual a política de turismo para a nossa Cidade. Hoje o "Jornal do Comércio " traz uma matéria dizendo que o Rio Grande do Sul aposta no turismo. Boa notícia essa. Nós reconhecemos sempre os governos, mesmo aqueles com os quais debatemos intensamente e mesmo aqueles a quem fazemos duras críticas a suas concepções, que tomam iniciativas desse porte. Mas a própria matéria do "Jornal do Comércio" já mostra uma contradição nessa iniciativa, porque ela é fundamentalmente uma iniciativa da Secretaria do Planejamento, dirigida pelo Sr. Brum Torres. A Secretaria do Turismo do Estado praticamente desconhecia que o Estado estava preparando um edital para atrair investimentos na área de turismo para a construção de parques temáticos para a Região Metropolitana. Eu me pergunto: não seria o caso dessa Câmara abrir um debate, discutir com o Governo do Estado no sentido de trazer o parque temático para a Capital do Estado? Porque nós temos muito espaço para comportar esse parque temático. Dessa maneira, nós discutiríamos uma parceria entre Porto Alegre e o Estado para que nos tornemos de fato a capital do Mercosul e para que possamos ser a capital do extremo sul do País, atraindo turistas do mundo inteiro. Assim, poderemos construir uma política de turismo ousada, estando em consonância com a segunda indústria mundial e que mais produz benefícios para a população tanto em termos de rendimentos, quanto de empregos. Um pequeno parque temático na nossa Cidade criaria 1.500 empregos diretos e custaria não mais do que um milhão de reais.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador. ) Concordo plenamente com a sua postura em prol do turismo e acho que esta Câmara deve tomar algumas providências, inclusive, unindo-se para tomar duas medidas  fortes: a primeira, o ISSQN de 5% sobre as diárias de hotéis é um absurdo; a segunda, Porto Alegre está sendo sede de um santuário à sua padroeira, Nossa Senhora Mãe de Deus - está aqui estampado na edição de hoje do jornal Novo Milênio, em fase de conclusão neste ano. Irá receber romeiros de todo o mundo e aqui, no dia 1°, no dia da nossa posse, já recebemos pessoas, autoridades eclesiásticas de Roma. Pois bem, houve um pedido de retificação do Projeto porque, lamentavelmente, o arquiteto esqueceu-se dos banheiros públicos e, pasmem os Senhores, um Projeto destes, sensacional, está tendo dificuldades sérias para a sua aprovação. Onde está a política de incentivo ao turismo? Eu peço a sua ajuda para que possamos aprovar essas pequenas retificações do Projeto, porque a Administração Popular está nos castigando.

 

O SR. ADELI SELL: Obrigado, Ver. João Carlos Nedel. Queria concluir dizendo que o custo de um parque temático de pequeno porte não seria mais do que o gasto que teríamos para cercar o Parque Farroupilha. Também quero fazer aqui uma declaração dizendo que sou contra o cercamento do parque, como já disse o nosso Líder, Gerson Almeida, ontem. Acho que esse dinheiro poderia ser aplicado de forma a trazer muito mais turistas para Porto Alegre, por exemplo, tentando trazer o parque temático, que o Governo do Estado propõe, da Região Metropolitana para a Cidade de Porto Alegre. É um debate que se inicia. Peço que os companheiros reflitam sobre essa questão. Nós voltaremos a esse debate muitas e muitas vezes, principalmente quando discutirmos o Projeto de extinção da EPATUR.  Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje,  o Partido Socialista Brasileiro, nesta tribuna, pretende levantar a questão do cercamento do Parque Farroupilha.

A partir de hoje, estaremos fazendo, junto à Esquina Democrática, uma pesquisa popular, consultando os transeuntes da nossa Cidade, questionando-os sobre a sua visão quanto a este assunto tão polêmico. No próximo domingo, pretendemos fazer a mesma consulta no Brique da Redenção. O levantamento na Esquina Democrática terá um perfil diferente, porque são pessoas que têm uma identificação, mas não é uma identificação tão incisiva junto ao Parque da Redenção. No domingo, sim, junto ao Brique da Redenção, aquelas pessoas que são os usuários, usuários para o lazer, para o desporto. De posse disso, esperamos, na próxima semana, começarmos um fórum de debate popular, trazendo ambientalistas, desportistas e pessoas ligadas a áreas de lazer, para, então, definirmos. Por quê? Com relação a matéria tão polêmica, nós achamos que devemos consultar todos os segmentos da população. Este assunto está sendo bastante debatido, desde o seu custo operacional, a questão da segurança, a questão do zelo do patrimônio, mas, ao mesmo tempo, em momento nenhum, nós podemos esquecer que o Parque Farroupilha não é um parque somente da Cidade de Porto Alegre. Ouvindo, há poucos minutos, o nobre Ver. Adeli Sell falando sobre o turismo, hoje, quando se fala em turismo em Porto Alegre, o Parque da Redenção não pode ser deixado de ser citado, porque, realmente, ele está inserido no coração da Cidade. Então, esperamos que,  a partir da próxima semana, com este levantamento, tenhamos uma posição mais firme, decidindo, ou não, a favor do cercamento do Parque da Redenção. Baseados nos princípios que norteiam o nosso Partido, achamos que uma consulta popular dever ser feita e nós estaremos fazendo na Esquina Democrática, hoje, e, no domingo, no Brique da Redenção. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Desiste.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, e Srs. Vereadores. Ouvi atentamente o Ver. Adeli Sell quando mostrava a preocupação que todos nós temos a respeito do incremento de investimentos no turismo de nossa Cidade. É importante o posicionamento de S.Exa. para que se traga também a Câmara Municipal à participação para que possamos fazer o incremento no sentido de que Porto Alegre possa entrar mais definitivamente nessa rota do Mercosul. Porto Alegre sempre quer ser e se diz a capital do Mercosul, mas ela tem deficiências muito sérias nessas áreas, e deve haver uma participação de todos, e também o Município deve ajudar. Não se justifica que um projeto de obra que vá fazer com que se incentive o turismo possa ter uma tramitação lenta, com certos prejuízos, na própria SMOV. A SMOV tem sido um assunto muito antigo debatido pelos Vereadores pelo próprio incremento nas indústrias. As indústrias têm encontrado dificuldades muito grandes, primeiro em permanecer em  Porto Alegre, e segundo, quando querem expandir suas plantas industriais, encontram dificuldades no aspecto da aprovação dos projetos. É oportuno que tenhamos essa vontade de participar, que queiramos fazer com que a Câmara Municipal participe desse processo. Já li na semana passada uma manifestação do Ver. Adeli Sell a respeito da EPATUR. Acho que a Cidade de Porto Alegre não pode diminuir a sua estrutura. Nós temos que conseguir esses espaços principalmente no turismo, que é um campo extremamente árduo, mas deve haver boa vontade da Câmara Municipal e boa vontade do Executivo Municipal para que nós não tenhamos essas dificuldades na demora para a aprovação de projetos, para que não tenhamos a dificuldade de querer investir um pouco mais no turismo, fazendo com que Porto Alegre possa pretender ser a capital do turismo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.  Desiste. O Ver. Guilherme Barbosa está coma palavra. Ausente.

O Ver. Isaac Ainhorn esta com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pela primeira vez, nesta Legislatura, na Comissão Representativa, venho a esta tribuna para iniciar um trabalho em relação àquilo que é a razão maior da procuração que recebemos dos eleitores e da população da Cidade de Porto Alegre: as questões da nossa Cidade. A primeira que pretendo abordar nesta Legislatura é assunto que, por muito tempo, em debates, em projetos, em discussões, em pesquisas, trabalhei aqui nesta Casa, que foi a questão do cercamento do Parque da Redenção. Eu quero dizer a V.Exas. que à época cheguei a fazer um levantamento do que representaria o cercamento deste Parque de 35 ha, com uma linha circular de mais de 3500 metros, o que representaria, na época, um cálculo aproximado de 300 mil dólares. Observei e li nos jornais valores estimados na faixa de um milhão de dólares. O problema maior, hoje, do Parque da Redenção, para quem caminha no Parque, quem vive o Parque - e eu, quase todas as manhãs, vou ao Parque da Redenção, posso dizer, com absoluta tranqüilidade de quem conhece a Cidade, não mais do que os Srs. Vereadores que estão aqui, não tenho essa pretensão, conheço como os Vereadores que atuam nesta Casa -, o problema do Parque é a falta de cuidado e manutenção dos seus detalhes e  da evolução de melhoria de qualidade. Os seus recantos estão abandonados, os seus chafarizes estão sofrendo um processo de deterioração, sequer um cuidado de pintura com cal, com relação a alguns chafarizes que exigem essa providência, tem sido tomado; os passeios estão malcuidados e a população tem, no Parque Farroupilha, o seu mais antigo, maior, melhor sítio desta Cidade, Ver. Carlos Garcia, não tenho dúvidas disso. Cercar o parque? Se investíssemos esses recursos, essa potencialidade de recursos e se essa nossa discussão fosse para a melhoria da qualidade do Parque, estaríamos fazendo muito mais. Eu fiz, há uns cinco anos, uma pesquisa no Brique da Redenção e trouxe os dados para que esta Casa tomasse conhecimento. Na pesquisa as pessoas se manifestaram contra o cercamento. Mas quando as pessoas votam o cercamento, Ver. Juarez Pinheiro, elas estão justamente votando não na questão da conservação e manutenção, elas estão manifestando uma posição em relação à segurança das pessoas da Cidade. O problema da segurança da Cidade é um problema comum com cerca ou sem cerca. Eu até me atrevo a dizer que o cercamento representará o acumulamento maior das pessoas dentro do Parque. Em Nova Iorque é cercado, em Copenhague, em Belo Horizonte é uma maravilha. Mas cada parque, cada vida, cada cidade, cada rua tem a sua especificidade, a sua realidade. A natureza de nosso parque é a espontaneidade. Eu debati com bons jornalistas, com bons polemistas, a ponto de o ex-Vereador Paulo Santa'Ana, e colunista consagrado, ter dito que eu inviabilizei o cercamento. Se eu tive essa força, graças a Deus - me somei à época, ao Ver. Giovani Gregol e outros, Ver. Gerson Almeida.

Eu tenho a polêmica com o meu Partido, mas esta não é uma questão ideológica. Quem sabe, lá no fundo, está uma questão ideológica? Existem alguns conservadores, alguns reacionários que hoje estão do nosso lado contra o cercamento. Não dá para dizer que é uma questão ideológica. Com o meu companheiro e Líder, Nereu D'Ávila, temos uma afinidade muito grande, mas, no entanto, temos uma divergência histórica em relação a essa matéria.

Então eu chamo a atenção,  pois quando as pessoas dizem  ser favoráveis ao cercamento, na verdade elas estão dizendo, Ver. Cyro Martini, que são favoráveis a mais segurança. Quero dizer que, nos próximos meses, o perfil daquela região vai melhorar muito. Até porque esta Casa, com alguns votos minoritários, votou a favor da concessão dos postos da Petrobrás, do tempo, do período deles, e isso  vai representar - até no  Projeto consta - um aporte  de recursos  da Petrobrás para a instalação do primeiro posto ecológico e, juntamente com ele, a reforma do  Parque do Bom Fim. Aquilo é o primeiro passo.

 

O Sr. Fernando Záchia: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V.Exa. dizia que a conservação do Parque da Redenção não é boa.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Façamos uma inspeção. Convido V.Exa. e todos os Vereadores que queiram nos acompanhar para que façamos amanhã uma visita ao Parque para que V.Exas. vejam o que está acontecendo.

 

O Sr. Fernando Záchia: Parece desnecessário, porque  todos nós conhecemos o Parque da Redenção.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Uma caminhada conjunta para trocarmos idéias não faz mal. Seria uma forma de despertarmos a ação desta Casa numa inspeção direta.

 

O Sr. Fernando Záchia: V.Exa sabe que o Parque é freqüentado por quase todos os habitantes desta Cidade, mas a grande maioria dos freqüentadores é do Bairro Bom Fim. E o problema da conservação seria, talvez, porque as pessoas do Bom Fim não conservam o Parque?

 

O SR. ISAAC AINHORN: V.Exa. entendeu muito mal. Em primeiro lugar,  não são só moradores do Bom  Fim que freqüentam o Parque. O  problema  é  de manutenção  dos recantos e  dos chafarizes. V. Exa. certamente  sabe onde é o olho      d' água.

 

O Sr. Fernando Záchia: Quando guri eu andava lá.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Vejo que faz muitos anos que V.Exa. não vai ao Parque da Redenção. Só ao Brique. Certamente no período das eleições andou por lá.

 

O Sr. Fernando Záchia: V.Exa. jamais me viu no Brique.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Certamente V.Exa. perdeu uma bela oportunidade de aumentar o seu expressivo contigente de votos.

Mas eu tenho  sido cobrado por freqüentadores do Parque.

Há um grupo de aposentados que me cobra muito a questão da falta de bancos. Eu convidaria a todos os Vereadores para fazermos uma visita ao Parque, porque as lajotas estão quebradas. Eu sei que é muito difícil, já que uma conservação permanente exige muito investimento. E não agrega nada de novo! Eu deixo aqui a possibilidade de os Vereadores, no exercício de seu mandato, amanhã pela manhã, caminharmos e trocarmos idéias. O problema do vandalismo no Parque existe à noite. Daí sim a cerca  funcionaria, porque ninguém vai ao Parque à noite. E os parque que têm cerca são fechados à noite. A cerca serviria apenas para evitar o vandalismo. Porém, um policiamento bem-feito já evitaria, por si só, o vandalismo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a poluição sonora é um malefício e acho que haveria uma necessidade urgente e inadiável de modular este microfone para que os ouvidos não sejam atingidos irreversivelmente, porque, de repente, estamos falando a 90 e a 100 decibéis. Portanto é importante uma medição freqüente e a SMAM poderia colaborar, com seu decibelímetro, para saber o que está ocorrendo no Plenário.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma das maneiras mais corretas de terminar o cercamento do Parque Farroupilha é não falar sobre ele, portanto, não vou falar. Mas algumas coisas desta Cidade não consigo entender. Esta Cidade, que terminou o exercício de 96 com R$ 10 milhões anunciados pelo Secretário da Fazenda, poderia resolver, no mínimo, dez mil pequenos problemas e não o fez, guardou o dinheiro para somar com o dinheiro do IPVA. Foi anunciada a tabela e a metade dos recursos arrecadados em Porto Alegre serão entregues à Prefeitura de Porto Alegre e mais o IPTU que, também, está bem acima daquilo que o Secretário dizia, que apenas alguns pagariam 20%. O valor venal foi aumentado em 9%, 10 %, agora, o IPTU, este sim, tem  22, 24, 25%, mostrando que nós, absolutamente, não estávamos errados quando afirmávamos em 95, quando 17 Srs. Vereadores, 3 do PDT, 2 do PTB e mais 12 da Frente Popular, faziam 17 votos necessários para que a população pagasse mais do que o dobro da inflação nos anos de 96 e 97: 10 milhões de reais. É uma administração teimosa, PT: Partido dos Teimosos.

Eu vejo, por exemplo, no ilustre Secretário dos Transportes uma teimosia extraordinária, até porque , quando se trata de lotação, eu não entendo a administração da Prefeitura. O ex-Vereador Jocelin Azambuja fez um Projeto estabelecendo parada de ônibus para os lotações e o Sr. Prefeito vetou. Vetou e apresentou um novo Projeto. E eu apoiei o Prefeito no seu Veto e apoiei o Prefeito  no seu Projeto  de Lei estabelecendo paradas. Eu só coloquei uma Emenda, aliás, eu não inventei emendas, eu li o Código Nacional de Trânsito que só tem duas soluções: o veículo automóvel estaciona a 3 metros do alinhamento predial e os outros a 10 metros. Agora, a Secretaria Municipal dos Transportes - que já foi considerada a melhor Secretaria do Brasil, reiteradamente, várias vezes - diz que é 6 metros. Não adiantou eu fazer a Emenda, por mais que eu tivesse apoiado a derrubada do Projeto do Jocelin Azambuja, porque foi vetado. Por mais que eu defendesse a aprovação do Projeto do Prefeito, nada aconteceu: 6 metros ficaram. E o PT, muito disciplinadamente, derrubou a Emenda do Ver. João Dib que era o Código Nacional de Trânsito, não era do João Dib.

Mas, por falar em parada de ônibus de lotação, esta Cidade tem coisas extraordinárias. O Dr. Bertotto, o teimoso, colocou uma parada de lotação no Viaduto Loureiro da Silva. Isso é ímpar, no mundo não há outro igual. Pode ir para o Guiness, bateu o recorde. Botou uma parada de lotação em cima do viaduto, e antes da parada do lotação ele botou uma placa de parada proibida, exceto lotação. Ora, quem vai respeitar uma sinalização incompetente dessas? Se tem essa incompetência na sinalização, eu não preciso respeitar nada. Nada, absolutamente nada. Todo viaduto é tomado por estacionamento, inclusive de caminhões, de carros do Consulado, que não o fariam em suas terras de origem. Mas, aqui, em Porto Alegre, com o Dr. Bertotto, teimoso Dr. Bertotto, tudo vale.

E não se diga, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que eu estou apenas dizendo aqui. Eu gosto muito do Dr. Bertotto, inclusive até o seu celular já me deram e já telefonei para o seu celular: "Bertotto, tira aquela parada pelo amor de Deus”. Ele disse: "o meu pessoal ainda não estudou”. Falei: "não tem estudo, viaduto se faz para fluir o trânsito, não para estacionar". É o estacionamento mais caro do mundo permitido pela Secretaria Municipal de Transporte e pela Brigada Militar. E eu vou dizer, de repente, vou fazer uma crítica de algo que seria insolúvel, porque eu também já fui Secretário de Transporte e um dia avisei: "de amanhã em diante, ninguém mais estaciona no Viaduto Loureiro da Silva". E eu fui de manhã com o guincho, não guinchei ninguém, mas também nunca mais ninguém estacionou no Viaduto Loureiro da Silva. Agora, está um horror, 23, 24 automóveis, caminhões, estacionam ali desrespeitando a Cidade, desrespeitando o povo que paga, pagou pelo viaduto e paga pela sua manutenção.

Mas vejam, Srs. Vereadores, se a sinalização de trânsito, em regra geral, em Porto Alegre fosse bem colocada, fosse eficientemente fiscalizada, nós teríamos inclusive menos circulação de trânsito, porque as pessoas, sabendo que seriam punidas, não sairiam às ruas se soubessem que não teriam onde estacionar. Então, circulariam menos veículos, mas  colocamos placa de estacionamento proibido, parada proibida e fazemos até fila dupla. Então, realmente, a Secretaria de Transportes, que eventualmente sinaliza, e muito bem, não tem apoio da Brigada Militar. Mas também não pode ter apoio quando sinaliza viaduto. Mas a Secretaria de Transporte está fazendo muito aceleradamente um binário que nunca vi igual. Eu já fiz um binário em Porto Alegre: Edu Chaves de Souza Reis com a Pereira Franco. São exatamente iguais as duas vias, os dois conjuntos. Têm a mesma capacidade de escoamento, têm a mesma capacidade de tráfego. Agora, a administração do Dr. Bertotto está fazendo  escondido, quase celeradamente, o binário 24 de Outubro/Eudoro Berlinck e agora o trinário, porque está colocando a Poti de Medeiros. E a Poti de Medeiros é o funil sobre o qual deverá passar o transporte coletivo, transporte individual e mais a inteligência da SMT que vai junto. Nunca vi nada igual. Eu fico com pena dos moradores que terão que usar o transporte coletivo e pelo tanto que terão que caminhar. Imaginem na tarde de ontem alguém descendo a Eudoro Berlink até a Mata Barcelar, sem necessidade. Criminosamente. Mas também os dez milhões que o Secretário tinha como superávit poderiam ser usados e não precisavam receber duzentos mil reais do Supermercado Real e nem do outro da Olavo Barreto Viana. Foram dois "shoppings" aprovados em troca de benesses para a Prefeitura. É muito mal-administrada esta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

                

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra. Desiste.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Hoje, na verdade, nós gostaríamos de fazer um breve comentário sobre um fato que nos pareceu impressionante nesta Casa e da maior relevância para o bom andamento do trabalho legislativo. Trata-se das relações cordiais que se estabelecem nesta Casa, mesmo entre pessoas das mais diferentes posições ideológicas e, principalmente, entre polemistas da maior qualidade como o Ver. Antonio Hohlfeldt e Ver. João Dib, sem esquecer outros. sobre isso pensara fazer alguns comentários. Quando vinha para esta Casa, porém, escutei um comentário na Rádio Gaúcha, relativamente à questão da Emenda Constitucional para reeleição de Presidente. O comentário discorria sobre líderes do PPB que, em troca de cargos, não dito explicitamente, apregoavam a maior participação que esse partido teria em nível de Governo Federal, caso fosse a favor da Emenda da reeleição. Passei os olhos sobre a "Folha de São Paulo" e verifiquei as críticas nos editoriais mais importantes do jornal ao açodamento com que a Emenda Constitucional está  para ser votada no Congresso Nacional. Verificamos que, quando ainda nem o Orçamento foi votado, se faz enjambrações, pagam-se jetons, paga-se uma série de gratificações aos nossos congressistas para que eles incluam na pauta a questão da reeleição do Presidente e daí eu pensei: eu vou falar de parque, mas não do Parque da Redenção. Eu vou falar do parque das diversões constitucionais que virou este País, patrocinado por um governo que o Ver. Antonio Hohlfeldt defende, assim como a digna Verª. Anamaria Negroni,  que aqui está presente, com seu talento, sua graça, sua inteligência. Nós tivemos, posteriormente ao período da ditadura, uma luta imensa da sociedade brasileira por uma nova Constituição. E o movimento da Constituinte nos idos de 86, 87, se não conseguiu uma Constituinte livre, soberana, exclusiva, como se queria, conseguiu, pelo menos, uma série de avanços. Nós tivemos uma Constituinte que se pode dizer, afora alguns reparos, foi livre. Não foi exclusiva porque, lamentavelmente, o Congresso que a elaborou teve outras funções, além de redigir a Constituição. E essa Constituição nos seus artigos iniciais dos atos das Disposições Transitórias diz: "A revisão Constitucional será realizada após 5 anos contados da promulgação da Constituição pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral."        

Srs. Vereadores, o prazo para revisão constitucional desse documento que foi erigido pela população brasileira, através de seus Deputados e Senadores Constituintes, escoou-se e não houve revisão constitucional alguma. Não caberia a esse Congresso ilegítimo fazer o que está fazendo com a Constituição. Ele está vilipendiando essa Constituição, porque, na verdade, Emendas, e todos nós aqui sabemos, servem apenas para mudar questões pontuais de uma Carta Constitucional, de um Regimento. Na verdade o que está sendo feito é rasgar o documento jurídico maior deste País, e tudo para quê? Para reeleger um cidadão que está entregando o patrimônio deste País às multinacionais, para reeleger um cidadão que agora coloca todas as demandas sociais num patamar subsidiário, com as leis da iniciativa privada, com os métodos da iniciativa privada. Eu venho aqui, Senhores, para dizer que um dia o povo brasileiro, de uma forma veemente, vai dizer que essa reforma constitucional é nula, que essa reforma constitucional que está sendo feita é ilegítima, que essa reforma constitucional não se ampara em nenhum parâmetro ético e de realidade com a vida e com os desejos da população brasileira.

Gostaria de saber com o nobre Ver. Antonio Hohlfeldt - e quero parabenizá-lo pela forma elegante como ontem me tratou - consegue, ele que é um homem que lutou pela democracia, pelo restabelecimento dos direitos democráticos deste País, defender um governo que faz isso, como um Vereador como ele, tão diligente, tão dedicado, tão preocupado com a legalidade, consegue responder ao que está sendo feito hoje com a Constituição e com o povo deste País, como ele consegue estar do lado de gente desse tipo? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra. Dez minutos com V.Exa. São permitidos apartes.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Uma saudação especial àqueles novos companheiros e companheiras que se envolvem no trabalho legislativo a partir desse quatriênio iniciado neste 1° de janeiro. Tenho muita satisfação, nesta fraterna nova convivência, de, objetivamente, fazendo a primeira manifestação durante esse período legislativo, saudar de forma até efusiva e dizer-lhes que esse espaço de debate que, certamente, esta Casa irá agasalhar ao longo desse período, me parece bastante produtivo. Na verdade, hoje, a Nação discute fundamentalmente alguns fatos nacionais em que a possibilidade da aprovação da Emenda Constitucional que permite a reeleição do Presidente da República, dos Governadores de Estado e dos Prefeitos assume um destaque muito especial.

Já tive a oportunidade de publicamente discutir esse assunto reafirmando minha posição favorável à reeleição em todos os níveis, fato que eu considero um aprimoramento do processo democrático dentro da idéia de que experiências válidas em várias outras nações certamente haverão de ser válidas no Brasil, porque não me incluo entre aqueles que entendem que as coisas no Brasil são mais difíceis, dizendo que o povo brasileiro estaria despreparado, que temos hábitos ainda colonialistas em termos políticos, que aqui a pressão da máquina pública se faria sentir no episódio eleitoral. Como se fosse possível um governo desajustado, desintegrado e não aprovado pela opinião pública conseguir corromper a consciência nacional e, através de mecanismos espúrios, obter a sua sustentação eleitoral para a simples circunstância de que estaria presente no Governo e, por conseqüência, detendo a máquina administrativa nas suas mãos. Sei que os institutos de opinião pública têm, de certa forma, comprometido o trabalho que se realiza no sentido de se estabelecer essa mudança institucional. À medida em que é anunciada a flagrante aprovação da opinião pública à figura do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, alvoroçados ficam aqueles que não se integram nesse projeto. Nós aqui, no Rio Grande do Sul, não nos surpreendemos com isso, porque aqui o conjunto de forças que se opõem a Fernando Henrique já vem dentro do período pré-eleitoral, num leque muito forte, que envolve a preferência por vários outros candidatos que não aqueles que, nós do PFL e os integrantes do Partido Social Democrático Brasileiro, acrescido do Partido Trabalhista Brasileiro, sustentaram em nível nacional e garantiram aqui no Estado. O que  não se  pode é, acirrada a discussão de temas nacionais relevantes - e a minha presença na tribuna falando claramente a favor da reeleição demonstra que não quero fugir desse tipo de debate, aceito e acolho -, mas o que não pode, Ver. João Dib, V.Exa que é o grande Líder das oposições na Casa, o que não pode é,  sob a capa de discutir os grandes temas nacionais, a gente deixar de discutir o dia-a-dia da  Cidade de Porto Alegre, não permitindo, pela nossa omissão, que os fatos que dizem respeito ao nosso cotidiano fiquem ao largo do exame crítico das casas legislativas para que estas se dediquem, numa atitude legítima, ao debate sobre estes grandes temas nacionais. Eu, que sou a favor da reeleição, que não fujo deste debate, quero dizer que me preocupo, hoje, muito mais com o silêncio que se faz a respeito de determinadas situações nesta Cidade, que, pela sua importância, haveriam de ter merecido já algumas manifestações nesta Casa. Um deles me preocupa sobremaneira:  é que se decanta a entrega à população da Cidade como uma obra em processo de conclusão, cuja funcionalidade e cujas conseqüências não foram devidamente mensuradas. Estou me referindo ao Mercado Público Central de Porto Alegre, anunciado e proclamado como uma das obras mais profundas da administração Municipal, não concluída, e que, no meu juízo, está com a sua funcionalidade prejudicada. Este juízo não vem por um mero acaso Quando eu vou ao Mercado Público Central e não tomo mais o sorvete na Banca 40, eu vejo que o Mercado Público restaurado não é o Mercado Público Central que eu conheci  e que a Cidade de Porto Alegre conheceu. Quando eu vejo o clamor do proprietário da Banca 43, especializado nesta Cidade, eu vejo que todo este anúncio que se faz a respeito da restauração do Mercado Público Central precisa ser examinado com maior profundidade, porque, ao lado da beleza exterior, inequívoca, digna do maior aplauso, belíssima, que pode, inclusive, restabelecer o Mercado Público como um cartão postal de Porto Alegre, internamente eu verifico e ouço de alguns proprietários, com a timidez que caracteriza a gente humilde que trabalha dentro do Mercado Público, reclamações procedentes a respeito do desvio da funcionalidade, do desvio do objetivo principal do nosso Mercado Público Central, que foi sempre um notável centro de abastecimento de especiarias na Cidade de Porto Alegre.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para mim é muita honra constar a minha breve intervenção no pronunciamento de uma pessoa tão responsável, de um Vereador tão experiente na Casa e tão inteligente.

Surpreende-me um pouco a sua intervenção relativa à questão do Mercado Público. Primeiramente espero, como levantei a questão da reeleição do Presidente Fernando Henrique, que sua observação sobre os temas nacionais não tenha sido devida ao meu pronunciamento, porque ontem detive-me numa questão importante do Município, que é a do cumprimento de uma lei municipal relativa às portas de segurança nas agências bancárias, que colocam em risco a vida de cidadãos e usuários. A obra do Mercado Público é uma obra de caráter extremamente solidário, no sentido de que é uma obra que beneficia todas as classes sociais desta Cidade, porque não há cidadão que não adentre o Mercado Público para fazer as suas pequenas compras, desde o cidadão mais bem aquinhoado que percorre aquela parte central onde vende-se especiarias de qualidade encontrada em qualquer país do Primeiro Mundo. Essa obra está sendo decantada, saudada por toda a Cidade. É uma obra de tamanho pulso e porte que foi discutida com os permissionários. É natural que cause algumas dificuldades. Quero informar a V.Exa. que as diversas lojas foram redistribuídas e é natural a pequena alteração que tenha sofrido a banca de sorvetes da qual também sou usuário; é natural numa obra do porte e da qualidade e da ousadia da Administração Popular.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Não critiquei quem quer que seja por usar desta tribuna para discussão dos grandes temas nacionais. Incluo-me entre aqueles que costumam discutir. Só não quero que a discussão dos grandes temas nacionais esqueçam a realidade dos assuntos do dia-a-dia. Segundo, o próprio aparte do Ver. Juarez Pinheiro deixa claro que essa sensação que eu vivenciei ele também vivenciou. O Mercado Público sem estar com a banca 40 é muito bonito, mas não é o nosso Mercado Público Central. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Renato Guimarães. Ausente. Está com a palavra o Ver. Cyro Martini.

                           

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, essas reuniões da Comissão Representativa se caracterizam pelo seu conteúdo político. São reuniões que não decidem acerca de projetos. São oportunidades ricas que devemos aproveitar para colocar em discussão e reflexão algumas questões: questões que são ligadas ao mandato daquele que está no exercício da Vereança e que está a par dos problemas populares e uma das questões é a que diz respeito ao trânsito. Não posso deixar passar preocupações que temos acerca de colocações feitas pelo Secretário da Segurança Pública e pelos assessores, certamente contratados e de São Paulo, dentre os quais se destaca uma figura de nome nacional que é o Dr. Roberto Scaringela, quando eles reúnem argumentos que vão se localizar em dois pontos para dar base de sustentação às medidas neoliberais que procuram também colocar no DETRAN, procurando transformá-lo em uma empresa privada.

Os argumentos se reduzem a dois pontos: o primeiro é com relação ao estado de conservação dos veículos em circulação e o segundo diz respeito à habilitação dos condutores. São dois problemas sérios na administração do trânsito. Quando nós vemos carros em mau estado de conservação rodando pelas vias urbanas ou pelas nossas estradas, ficamos chocados, principalmente se esses carros estão em estado lamentável de conservação. Mas pergunto aos meus nobres pares se concordam que esses carros são capazes de exercer uma velocidade de 100 km; se são, então eles  participam desta mortandade que é o trânsito nacional do qual não escapa o nosso também. Se esses carros apenas enfeiam as nossas ruas, eu pergunto, quando na estrada e na via urbana vamos encontrar estatisticamente de modo claro, acentuado e elevado o carro usado, aquele carro que atrapalha o trânsito? Quando?

A outra colocação é com relação aos motoristas. Quais são os dados estatísticos que permitem avaliar qual é o motorista novo, aquele que tem um ano de carteira? Qual é a estatística que diz ser este o grande autor do morticínio, lamentavelmente apontado? Onde está? Na estatística do DETRAN, da Secretaria Municipal de Transporte, do Departamento Nacional de Trânsito? Tragam, e nós vamos dar a mão à palmatória.

São argumentos forjados, organizados para dar sustentação à intenção do Governo do Estado de privatizar o DETRAN. E nós não podemos concordar. Nós não temos aquela lucidez e competência maravilhosa que viu o Dr. Eichenberg concentrada na pessoa do Dr. Scaringella, paulista, brasileiro, como todos nós, e que, de certo modo, ao vir ditar normas de trânsito na nossa Capital, ofendeu àqueles que trabalham na área de transportes no nosso meio. Ofendeu, porque indiretamente foram tachados de incompetentes, de incapazes, segundo o Dr. Britto e o Dr. Eichenberg, para resolver questões de trânsito, tanto em Porto Alegre como no Rio Grande do Sul. Qualquer criança sabe, pensando acerca do trânsito, que as medidas que realmente resolvem, afastando os males que causam mortes e mutilações no trânsito, se concentram - aqui, nos Estados Unidos, na Europa e em qualquer lugar - na fiscalização e no policiamento. Se não houver policiamento e fiscalização não há como resolver. Eu fiz, por vários anos, educação de trânsito. Sou adepto daqueles que professam a educação como solução.

De outra parte, não podemos nos esquecer que a punição, repetindo autores e pensadores - já dizia, há muitos anos, o nosso ilustre e querido amigo, colega, Del. Frontino de Araújo Wile -, não querendo punir draconianamente, mas é a certeza da punição, seja ela pequena ou grande, e essa punição está onde? Está dentro do DETRAN. Por que o DETRAN não providencia? Nós vamos repetir aquilo que já  se tem dito ao longo dos tempos a respeito da Brigada  e do DETRAN: o Governo do Estado não os habilita a exercerem plenamente as suas atividades. Não há nada de novo em termos de punição dentro do Código que está por vir. O novo será o dia em que o Governo do Estado, hoje na figura do Sr. Eichenberg, que desmonta o DETRAN, para depois dizer que não funciona. Está na mão dele entregar condições para que a Brigada e o DETRAN possam bem exercer suas atividades. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

                           

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Lê.)

 

“Feliz a Nação

 

Assumiram em 1º de janeiro de 1997 os novos prefeitos e vereadores de todo o Brasil. Eleitos  para o ano de 2000 assumem as esperanças de milhões de brasileiros. Responsáveis pela promoção do bem comum de todos, deverão ir além do partido político. O governante é eleito por uma parte da população para o verdadeiro bem-estar de todos. Não é fácil, porque exige a superação da paixão e dos interesses de seu grupo, em favor de todos, com sabedoria, fortaleza e discernimento, virtudes que levam a atitudes concretas, inspiradas na justiça.

Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, ensina o salmista (sal 32,12). Há uma necessidade imperativa de inspirar as decisões, as leis e os projetos no valor maior: Deus é o Senhor, dos indivíduos e das nações, queiram ou não os homens. A fé em Deus e o bem comum do povo deverão orientar os governantes no exercício do mandato executivo e legislativo.

A Nação, os governantes, as pessoas, que não têm Deus como Senhor, por dedução, são ou serão infelizes. Se olharmos à nossa volta, percebemos muito bem o quanto Deus é mantido à distância.

Estamos convencidos que não basta o voto, exigir os direitos de cidadania, ou denunciar as injustiças. Nosso papel de cristão inclui também o clamor  diante de Deus para que os muros da insensatez e dos desatinos caiam, como em Jericó. Construir uma Nação sem Deus é construir sobre a areia. “Caiu a chuva, vieram as torrentes, sopravam os ventos, a casa desabou e sua ruína foi total” (Mt. 7,24-27). Por vontade de Deus e nossa, temos o direito de ser e viver felizes.” Muito obrigado.

                           

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Eu , antes de mais nada, gostaria de fazer o registro de que, tendo em vista a leitura por parte do Ver. João Carlos Nedel do editorial do Jornal "Novo Milênio", edição correspondente a 13 de janeiro, n° 81, passou, a partir desta leitura, a integrar os Anais desta Casa. Portanto, o nosso registro formal e legal da importância da integração desse editorial do Jornal “Novo Milênio” nos Anais desta Casa Legislativa da Cidade de Porto Alegre. O nossos cumprimentos ao Ver. João Carlos Nedel pela oportunidade de sua manifestação.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Seria possível cedermos o tempo de Liderança do PT, para que o Ver. Reginaldo Pujol conclua seu pronunciamento, já que eu adentrei demais o meu aparte?

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Informo a V.Exa que o tempo de Liderança é um tempo personalíssimo do partido. O Líder só pode ceder a um dos filiados do partido, não podendo haver cedência a outra sigla partidária.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, no sentido de contribuir com a Mesa, gostaria de me informar sobre a existência ou não de Requerimentos encaminhados à Mesa.

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, há.

Procedemos à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a verificação de quórum.

(É feita a verificação de quórum.)

Havendo quórum, colocamos em votação os Requerimentos.

Requerimento nº. 09/97, de autoria do Ver. João Dib, solicitando seja realizada Sessão Solene no dia 08/05/97. destinada a homenagear o Dia das Mães.

Esta Presidência informa que o serviço de Relações Públicas já tem agendado esse dia, conforme registram os próprios autos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Esclarecimento): Sr. Presidente, a Comissão Representativa, no elenco de suas atribuições, tem plenamente assegurada essa condição de deliberar sobre a realização das Sessões Solenes da Casa na sua integralidade?

                           

O SR. PRESIDENTE: Sim, dentre as tarefas inerentes à Comissão Representativa, os Requerimentos de designação de Sessões Solenes, Grandes Expedientes, estão dentro do rol da competência da Comissão Representativa.

                           

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu gostaria, então, de encaminhar.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu entendo que,  quanto a esse Requerimento do Ver. João Dib, se o Ver. Elói Guimarães estivesse aqui presente diria que era despiciendo. A tradição da Casa de consagrar uma Sessão Solene na homenagem às mães já se transformou consuetudinária. E o Ver. João Dib tem sido tradicionalmente não só o requerente dessa Sessão Solene, como  também o seu grande organizador e impulsionador. Pouco antes do fim do ano, comi as bolachinhas de latinha que ele mandou para minha mãe, que ele tradicionalmente homenageia. Os Vereadores mais íntimos sabem que a minha mãe, infelizmente, tem a sua locomoção comprometida e não pode comparecer a essas programações, mas nunca deixa de ser homenageada.

O que eu queria dizer é que acho que há alguns atos da Câmara Municipal que deveriam fazer parte de um calendário previamente estabelecido e que tornariam insusceptível de deliberação da Casa, pela sua Comissão Representativa, pelo seu Plenário, sobre determinadas situações. Com toda certeza homenagearemos as mães e a Semana Farroupilha; aliás, já está estabelecida a Lei que oficializa a Semana Farroupilha, dizendo que é necessária e obrigatória entre o elenco das atividades culturais que ocorrerão naquele período, e uma delas será a realização de uma Sessão Solene nesta Casa.

É evidente, Sr. Presidente, que este Plenário majoritário no que diz respeito à sua composição, já que presentes 14 dos 17 integrantes da Comissão Representativa, vai deliberar favoravelmente ao Requerimento do Ver. João Dib, que eu, inclusive, inquiri à Mesa sobre a regimentabilidade da sua sujeição à Comissão Representativa, porque me pareceria que essa deliberação fosse do conjunto da Casa; mas, sabendo que todas as deliberações da Casa durante a Comissão Representativa serão submetidas em bloco ao crivo do Plenário da Casa como um todo, essa minha dúvida fica dissipada.

Por isso, vim à tribuna assinalar esses aspectos e, sobretudo, dizer que, coerente com o meu pronunciamento, eu aguardo a oportunidade para, quando convocado, votar favoravelmente ao Requerimento do Ver. João Dib. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu pedi licença aos nossos três Vice-Líderes para encaminhar favoravelmente a esse Requerimento do Ver. João Dib. E eu o faço lembrando a minha mãe, que tem tido, por parte do Ver. João Dib, um tratamento carinhoso, como ele sempre fez durante muitos anos com as mães dos Vereadores. Às vezes, ela não entende bem as  nossas rusgas políticas e me pergunta: “Mas meu filho, como é que vocês, tu e o Ver. João Dib, um homem tão bom...?” E aproveito a oportunidade para desconstituir algumas questões que aconteceram entre nós e que começaram a tomar volume, para dizer que nós não temos nenhum problema pessoal, da minha parte.

Então, para mim é uma satisfação poder votar um Requerimento que vai homenagear as mães de Porto Alegre, as nossas mães e a de todos os brasileiros que merecem que esse dia seja realmente reverenciado. Então é isso, e eu o faço em nome da Bancada do PT, com muita honra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. João Dib, solicitando uma Sessão Solene destinada a homenagear as mães, no dia 08 de maio, pelo transcurso do seu dia.  Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

Em votação o Requerimento nº. 10/97, firmado pelo Ver. Isaac Ainhorn, solicitando que o Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia 30/04/97, seja dedicado a homenagear a Rádio Guaíba pela passagem dois seus 40 anos. (Pausa.) Os Srs. vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

Não há mais matéria na Ordem do Dia.

Encerramos  a presente Reunião da Comissão Representativa.      

 

(Encerra-se a Reunião às 11h01min.)

 

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